segunda-feira, 8 de abril de 2013

TEXTO: UMA LENDA BOLIVIANA



 
 CENTRO EDUCACIONAL DE ARTE E CULTURA PORTAL DA SERRA
RUA RAIMUNDO BANDEIRA, S/N  - BAIRRO: PINHEIRO
GUAIÚBA-CEARÁ
DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA  - PROFESSOR ANTÔNIO CARLOS SALES PAIVA
EIXO: LEITURA E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
ALUNO(A): _______________________________________________

UMA LENDA BOLIVIANA

Huacas fica numa alta e extensa planície. Cinco lagos refletem a luz deslumbrante do Sol das alturas. Um deles, o Aciro-Khocha, se estende na imensidão, a perder de vista.
Os mais velhos dizem que em épocas remotas não havia lagos em Huacas. Todo o distrito era terra cultivada. Na parte mais baixa , aquela que agora o Aciro-Khocha cobre, havia uma cidade com seu templo, sua praça, suas ruas e seus jardins.
Um dia chegou a comarca uma mulher pobre, que ninguém ali conhecia. Trazia ás costas, embrulhada num pano colorido, sua filhinha de um ano idade. A criança chorava, queixando-se, enquanto a mãe pedia esmolas de porta em porta. Os moradores negavam-lhe ajuda, sem qualquer piedade por ela. A mulher, aflita, olhava para o céu implorando por compaixão. Porém, foi tudo em vão. Quase desfalecendo, continuou seu caminho, passo a passo, até se perder para sempre na curva do áspero caminho.
As horas da tarde transcorreram da mesma forma de sempre. A noite chegou. A lua cheia prateava os campos e o povoado. De repente, quebrando a calma do campo, ouviram-se gritos de superstição e de espanto.
- A Lua! A Lua! Olhem a Lua! – repetiam as pessoas sobressaltadas.
Uma linha sombria manchava o perfil da Lua e uma tinta negra avançou até cobri-la completamente. As sombras esconderam os campos. Ao mesmo tempo, uma nuvem densa, silenciosa e ameaçadora se estendeu sobre o lugar, fazendo o povoado mergulhar numa tristeza sufocante.
Apavorados, os moradores rezaram, se lamentaram e fizeram oferendas e promessas, mas seus pedidos se perderam no vazio. Uma horrível tempestade desabou sobre o povoado e os campos próximos. [...] Formou-se um lago no lugar, pequeno no inicio, mas cada vez maior. As águas cobriram as casas, chegaram as abóbodas do templo e ultrapassaram as torres. Os sinos, que dobravam desesperados, mergulharam no silêncio. Vozes e gritos emudeceram, afogados pelas águas que subiam.
Hoje, são poucos os camponeses que passam pelo caminho pedregoso que circunda o lago. Dizem que nas serras há uma pedra que parece uma mulher inclinada numa rocha, carregando as costas uma delicada menina. Certamente, é a imagem daquela mendiga, que na verdade não era isso, mas uma enviada das entidades divinas para saber com certeza se as pessoas do povoado se compadeciam dos pobres e desamparados. Os lavradores dizem, também, que essa mulher havia pedido um castigo para a indiferença diante da dor humana. [...]
O viajante de hoje que se hospeda em Huacas ouve dos velhos que nas noites de sinais estranhos ou quando a terra treme, do fundo das águas do Aciro-Knocha emerge uma tênue luz, de cor violeta-pálida. Ela assume a forma de uma nuvem, sobe suavemente e permanece por tempo muito curto na superfície do lago. Ela mostra a silhueta do povoado com seu templo, suas ruas e seus jardins, enquanto a distancia se ouve o som entrecortado dos sinos da aldeia.
Isso é o que contam os anciões, e eu acredito.
(Contos de lugares encantados. Adaptação de Eduardo Arze Loureiro. São Paulo, Ática/co-edição latino americana, 1992)

ATIVIDADE AVALIATIVA

01. O texto narra a origem lendária de um lago. Como ele se chama, onde se localiza e qual é sua principal característica?
R: O lago chama-se Aciro-Khocha, localiza-se na cidade de Huacas, na Bolívia, e é muito grande.

02. Descreva resumidamente como era, em épocas remotas, o lugar atualmente ocupado pelo lago.
R: O lugar era uma cidade com templos, ruas, praças e jardins.

03. O texto, depois de descrever o espaço em que aconteceu o fato, começa a narrar a história.
a) Em que parágrafo realmente começa a narrativa? R: No terceiro parágrafo.
b) Nesse parágrafo é introduzido o elemento-chave, isto é, o principal elemento da história. Qual é ele? R: A mulher.

04. Na linguagem coloquial, costuma-se empregar o adjetivo birrenta para caracterizar uma criança teimosa, que chora e reclama sem ter motivos. Seria adequado dizer que a criança que a mulher levava era birrenta? Justifique.
R: Sim, pois como a mulher pedia esmola, provavelmente a criança estivesse chorando por estar faminta, doente ou cansada.

05. Considerando a atitude dos moradores da cidade em relação à mulher e sua filhinha, circule da série abaixo os adjetivos que serviriam para caracterizá-los.

Caridosos, desumanos, insensíveis, hospitaleiros, mesquinhos, vingativos

06. Responda:
a) Como você agiria em relação à mulher, se fosse um dos moradores do povoado?
Resposta pessoal.

b) Como reagiria em relação a atitude dos moradores, se estivesse no lugar da mulher? Por quê?
Resposta pessoal.

O7. À noite, depois que a mulher foi embora, começaram a surgir no céu alguns sinais que prenunciavam, isto é, avisavam com antecedência, que algo iria acontecer.
a) Resuma como os habitantes se comportaram em relação a esses sinais.
R: Os moradores ficaram apavorados, começaram a rezar e a fazer oferendas e promessas.

b) O que os moradores fizeram adiantou? Transcreva a passagem que justifique sua resposta.
R: Não. “[...] seus pedidos se perderam no vazio. Uma horrível tempestade desabou sobre o povoado e os campos próximos.”

c) Quais foram as consequências da tempestade que caiu sobre a cidade?
R: A cidade foi inundada, todos os seus habitantes morreram afogados e no local formou-se o lago Aciro-Khocha.

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