domingo, 21 de março de 2021

TEXTO: A velha contrabandista, de Stanislaw Ponte Preta

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.

Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:

- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?

A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:

- É areia!

Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.

Mas o fiscal desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.

Diz que foi aí que o fiscal se chateou:

- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.

- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:

- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?

- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.

- Juro - respondeu o fiscal.

- É lambreta.

        

COMPREENSÃO TEXTUAL

01. Quem são as personagens dessa história? 

02. Qual é o espaço do texto?

03. A linguagem que usamos no dia-a-dia e nas conversas com amigos e familiares recebe o nome de informal. No texto, esse tipo de linguagem aparece em vários trechos. Por exemplo: “O pessoal da alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha”. O que o narrador quer dizer com “tudo malandro velho”?

04. Por que os fiscais da alfândega começaram a desconfiar da velhinha?

05. Na primeira vez que o fiscal examinou o saco que a velhinha levava e viu que era areia, ele ficou encabulado, sem graça. Por quê?

06. Explique o que o fiscal quis dizer com a frase: “Manjo essa coisa de contrabando pra burro”.

07. No final do texto, as personagens fazem um acordo.

a. Qual foi o acordo proposto pelo fiscal?

b. Qual foi a condição que a velhinha impôs para contar ao fiscal o que contrabandeava?

08. Qual era, afinal, o truque que ela usava para enganar os fiscais da alfândega?


 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário