––––––––– QUESTÃO 01 –––––––––––
Leia o texto abaixo.
A
assembléia dos ratos
Um
gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha que
os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de
fome.
Tornando-se
muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembléia para o estudo da
questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos miados
pelo telhado, fazendo sonetos à lua.
—
Acho – disse um deles - que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe
atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e
pomo-nos ao fresco a tempo.
Palmas
e bravos saudaram a luminosa idéia. O projeto foi aprovado com delírio. Só
votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:
—
Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de FaroFino?
Silêncio
geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro, porque não era tolo. Todos,
porque não tinham coragem. E a assembléia dissolveu-se no meio de geral
consternação.
Dizer
é fácil - fazer é que são elas! LOBATO, Monteiro. in Livro das Virtudes –
William J. Bennett – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p. 308.
Na assembléia dos ratos, o projeto para
atar um guizo ao pescoço do gato foi
(A)
aprovado com um voto contrário.
(B) aprovado pela metade dos
participantes.
(C) negado por toda a assembléia.
(D) negado pela maioria dos presentes.
––––––––– QUESTÃO 02 –––––––––––
Leia o texto abaixo.
O Pavão
E
considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo
imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não
existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas
d´água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu
considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com
o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério
é a simplicidade.
Considerei,
por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e
esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz
de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
BRAGA,
Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Record, 1996, p. 120.
No 2º parágrafo do texto, a expressão
ATINGIR O MÁXIMO DE MATIZES significa o artista
(A) fazer refletir, nas penas do pavão,
as cores do arco-íris.
(B) conseguir o maior número de
tonalidades.
(C) fazer com que o pavão ostente suas
cores.
(D)
fragmentar a luz nas bolhas d’água.
––––––––– QUESTÃO 03 –––––––––––
Leia o texto abaixo.
O IMPÉRIO DA
VAIDADE
Você
sabe por que a televisão, a publicidade, o cinema e os jornais defendem os
músculos torneados, as vitaminas milagrosas, as modelos longilíneas e as
academias de ginástica? Porque tudo isso dá dinheiro. Sabe por que ninguém fala
do afeto e do respeito entre duas pessoas comuns, mesmo meio gordas, um pouco
feias, que fazem piquenique na praia? Porque isso não dá dinheiro para os
negociantes, mas dá prazer para os participantes.
O
prazer é físico, independentemente do físico que se tenha: namorar, tomar
milk-shake, sentir o sol na pele, carregar o filho no colo, andar descalço,
ficar em casa sem fazer nada. Os melhores prazeres são de graça − a conversa
com o amigo, o cheiro do jasmim, a rua vazia de madrugada −, e a humanidade
sempre gostou de conviver com eles. Comer uma feijoada com os amigos, tomar uma
caipirinha no sábado também é uma grande pedida. Ter um momento de prazer é
compensar muitos momentos de desprazer. Relaxar, descansar, despreocupar-se,
desligar-se da competição, da áspera luta pela vida − isso é prazer.
Mas
vivemos num mundo onde relaxar e desligar-se se tornou um problema. O prazer
gratuito, espontâneo, está cada vez mais difícil. O que importa, o que vale, é
o prazer que se compra e se exibe, o que não deixa de ser um aspecto da
competição.
Estamos
submetidos a uma cultura atroz, que quer fazer-nos infelizes, ansiosos,
neuróticos. As filhas precisam ser Xuxas, as namoradas precisam ser modelos que
desfilam em Paris, os homens não podem assumir sua idade.
Não
vivemos a ditadura do corpo, mas seu contrário: um massacre da indústria e do
comércio. Querem que sintamos culpa quando nossa silhueta fica um pouco mais
gorda, não porque querem que sejamos mais saudáveis − mas porque, se não
ficarmos angustiados, não faremos mais regimes, não compraremos mais produtos
dietéticos, nem produtos de beleza, nem roupas e mais roupas. Precisam da nossa
impotência, da nossa insegurança, da nossa angústia.
O
único valor coerente que essa cultura apresenta é o narcisismo.
LEITE,
Paulo Moreira. O império da vaidade. Veja, 23 ago. 1995. p. 79.
O autor pretende
influenciar os leitores para que eles
(A) evitem todos os
prazeres cuja obtenção depende de dinheiro.
(B) excluam de sua
vida todas as atividade incentivadas pela mídia.
(C) fiquem mais em
casa e voltem a fazer os programas de antigamente.
(D) sejam mais críticos em relação ao incentivo do
consumo pela mídia.
––––––––– QUESTÃO 04 –––––––––––
Leia o texto abaixo.
A PARANÓIA DO
CORPO
Em
geral, a melhor maneira de resolver a insatisfação com o físico é cuidar da
parte emocional.
LETÍCIA
DE CASTRO
Não
é fácil parecer com Katie Holmes, a musa do seriado preferido dos teens,
Dawson's Creek ou com os galãs musculosos do seriado Malhação. Mas os jovens
bem que tentam. Nunca se cuidou tanto do corpo nessa faixa etária como hoje. A
Runner, uma grande rede de academias de ginástica, com 23 000 alunos espalhados
em nove unidades na cidade de São Paulo, viu o público adolescente crescer mais
que o adulto nos últimos cinco anos. “Acho que a academia é para os jovens de
hoje o que foi a discoteca para a geração dos anos 70”, acredita José Otávio
Marfará, sócio de outra academia paulistana, a Reebok Sports Club. "É o
lugar de confraternização, de diversão."
É
saudável preocupar-se com o físico. Na adolescência, no entanto, essa
preocupação costuma ser excessiva. É a chamada paranóia do corpo. Alguns
exemplos.
Nunca
houve uma oferta tão grande de produtos de beleza destinados a adolescentes.
Hoje
em dia é possível resolver a maior parte dos problemas de estrias, celulite e
espinhas com a ajuda da ciência. Por isso, a tentação de exagerar nos
medicamentos é grande. "A garota tem a mania de recorrer aos remédios que
os amigos estão usando, e muitas vezes eles não são indicados para seu tipo de
pele”, diz a dermatologista Iara Yoshinaga, de São Paulo, que atende
adolescentes em seu consultório. São cada vez mais freqüentes os casos de
meninas que procuram um cirurgião plástico em busca da solução de problemas que
poderiam ser resolvidos facilmente com ginástica, cremes ou mesmo com o
crescimento normal. Nunca houve também tantos casos de anorexia e bulimia.
"Há dez anos essas doenças eram consideradas raríssimas. Hoje constituem
quase um caso de saúde pública”, avalia o psiquiatra Táki Cordás, da
Universidade de São Paulo.
É claro que existem variedades de calvície,
obesidade ou doenças de pele que realmente precisam de tratamento continuado.
Na maioria das vezes, no entanto, a paranóia do corpo é apenas isso: paranóia.
Para curá-la, a melhor maneira é tratar da mente. Nesse processo, a auto-estima
é fundamental. “É preciso fazer uma análise objetiva e descobrir seus pontos
fortes. Todo mundo tem uma parte do corpo que acha mais bonita”, sugere a
psicóloga paulista Ceres Alves de Araújo, especialista em crescimento. Um dia,
o teen acorda e percebe que aqueles problemas físicos que pareciam insolúveis
desapareceram como num passe de mágica. Em geral, não foi o corpo que mudou.
Foi a cabeça. Quando começa a se aceitar e resolve as questões emocionais
básicas, o adolescente dá o primeiro passo para se tornar um adulto.
CASTRO, Letícia de.
Veja Jovens. Setembro/2001, p. 56.
A idéia CENTRAL do
texto é
(A) a preocupação do jovem com o físico.
(B) as doenças raras
que atacam os jovens.
(C) os diversos
produtos de beleza para jovens.
(D) o uso exagerado
de remédios pelos jovens.
––––––––– QUESTÃO 05 –––––––––––
Leia o texto abaixo.
No mundo dos
sinais
Sob o sol de fogo,
os mandacarus se erguem, cheios de espinhos.
Mulungus e aroeiras
expõem seus galhos queimados e retorcidos, sem folhas, sem flores, sem frutos.
Sinais de seca
brava, terrível!
Clareia o dia. O
boiadeiro toca o berrante, chamando os companheiros e o gado.
Toque de saída.
Toque de estrada.
Lá vão eles,
deixando no estradão as marcas de sua passagem.
TV Cultura,
Jornal do Telecurso.
A opinião do autor
em relação ao fato comentado está em
(A) “os mandacarus
se erguem”
(B) “aroeiras expõem
seus galhos”
(C) “Sinais de seca brava, terrível!!”
(D) “Toque de saída.
Toque de entrada”.
––––––––– QUESTÃO 06 –––––––––––
Leia o texto abaixo.
Mente quieta,
corpo saudável
A
meditação ajuda a controlar a ansiedade e a aliviar a dor? Ao que tudo indica,
sim.
Nessas
duas áreas os cientistas encontraram as maiores evidências da ação terapêutica
da meditação, medida em dezenas de pesquisas. Nos últimos 24 anos, só a clínica
de redução do estresse da Universidade de Massachusetts monitorou 14 mil portadores
de câncer, aids, dor crônica e complicações gástricas. Os técnicos descobriram
que, submetidos a sessões de meditação que alteraram o foco da sua atenção, os
pacientes reduziram o nível de ansiedade e diminuíram ou abandonaram o uso de
analgésicos.
Revista
Superinteressante, outubro de 2003
O texto tem por finalidade
(A) criticar.
(B) conscientizar.
(C) denunciar.
(D)
informar.
––––––––– QUESTÃO 07 –––––––––––
Leia os textos abaixo.
Texto I
Sem-proteção
Jovens
enfrentam mal a acne, mostra pesquisa
Transtorno
presente na vida da grande maioria dos adolescentes e jovens, a acne ainda gera
muita confusão entre eles, principalmente no que diz respeito ao melhor modo de
se livrar dela. E o que mostra uma pesquisa realizada pelo projeto Companheiros
Unidos
contra a Acne (Cucas), uma parceria do laboratório Roche e da Sociedade
Brasileira
de Dermatologia (SBD): Foram entrevistados 9273 estudantes, entre 11 e 19 anos,
em colégios particulares de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais,
Pernambuco,
Paraíba,
Pará, Paraná, Alagoas, Ceará e Sergipe, dentre os quais 7623 (82%) disseram ter
espinhas. O levantamento evidenciou que 64% desses entrevistados nunca foram ao
médico em busca de tratamento para espinhas. "Apesar de não ser uma doença
grave, a acne compromete a aparência e pode gerar muitas dificuldades ligadas à
auto-estima e à sociabilidade", diz o dermatologista Samuel Henrique
Mandelbaum, presidente da SBD de São Paulo. Outros 43% dos entrevistados
disseram ter comprado produtos para a acne sem consultar o dermatologista - as
pomadas, automedicação mais freqüente, além de não resolverem o problema, podem
agravá-lo, já que possuem componentes oleosos que entopem os poros. (...)
Fernanda Colavitti
Texto II
Perda de Tempo
Os
métodos mais usados por adolescentes e jovens brasileiros não resolvem os problemas
mais sérios de acne.
23%
lavam o rosto várias vezes ao dia
21%
usam pomadas e cremes convencionais
5%
fazem limpeza de pele
3%
usam hidratante
2%
evitam simplesmente tocar no local
2%
usam sabonete neutro
(COLAVITTI,
Fernanda – Revista Veja Outubro / 2001 – p. 138.)
Comparando os dois textos, percebe-se
que eles são
(A) semelhantes.
(B) divergentes.
(C) contrários.
(D)
complementares.
––––––––– QUESTÃO 08 –––––––––––
Leia os textos abaixo.
Texto 1
Mapa Da Devastação
A
organização não-governamental SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de
Pesquisas
Espaciais terminaram mais uma etapa do mapeamento da Mata Atlântica (www.sosmataatlantica.org.br).
O estudo iniciado em 1990 usa imagens de satélite para apontar o que restou da
floresta que já ocupou 1,3 milhão de km2, ou 15% do território brasileiro. O
atlas mostra que o Rio de Janeiro continua o campeão da motosserra. Nos últimos
15 anos, sua média anual de desmatamento mais do que dobrou.
Revista Isto É – nº
1648 – 02-05-2001 São Paulo – Ed. Três.
Texto 2
Há qualquer coisa no ar do Rio, além
de favelas
Nem
só as favelas brotam nos morros cariocas. As encostas cada vez mais povoadas no
Rio de Janeiro disfarçam o avanço do reflorestamento na crista das serras, que
espalha cerca de 2 milhões de mudas nativas da Mata Atlântica em espaço
equivalente a 1.800 gramados do Maracanã. O replantio começou há 13 anos, para
conter vertentes ameaçadas de desmoronamento. Fez mais do que isso. Mudou a
paisagem. Vista do alto, ângulo que não faz parte do cotidiano de seus
habitantes, a cidade aninha-se agora em colinas coroadas por labirintos verdes,
formando desenhos em curva de nível, como cafezais.
Revista Época – nº 83. 20-12-1999. Rio de Janeiro – Ed. Globo. p. 9.
Uma declaração do segundo texto que
CONTRADIZ o primeiro é
(A)
a mata atlântica está sendo recuperada no Rio de Janeiro.
(B) as encostas cariocas estão cada vez
mais povoadas.
(C) as favelas continuam surgindo nos
morros cariocas.
(D) o replantio segura encostas
ameaçadas de desabamento.
––––––––– QUESTÃO 09 –––––––––––
Leia o texto abaixo.
Eu tenho um
sonho
Eu tenho um sonho
lutar pelos direitos dos homens
Eu tenho um sonho
tornar nosso mundo verde e
limpinho
Eu tenho um sonho
de boa educação para as crianças
Eu tenho um sonho
de voar livre como um passarinho
Eu tenho um sonho
ter amigos de todas raças
Eu tenho um sonho
que o mundo viva em paz
e em parte alguma haja guerra
Eu tenho um sonho
Acabar com a pobreza na Terra
Eu tenho um sonho
Eu tenho um monte de sonhos...
Quero que todos se realizem
Mas como?
Marchemos de mãos dadas
e ombro a ombro
Para que os sonhos de todos
se realizem!
SHRESTHA,
Urjana. Eu tenho um sonho. In: Jovens do mundo inteiro. Todos temos
direitos:
um livro de direitos humanos. 4ª ed. São Paulo: Ática, 2000, p.10.
No verso “Quero que todos se realizem” o
termo sublinhado refere-se a
(A) amigos.
(B) direitos.
(C) homens.
(D)
sonhos.
––––––––– QUESTÃO 10 –––––––––––
Leia o texto abaixo.
O ouro da biotecnologia
Até
os bebês sabem que o patrimônio natural do Brasil é imenso. Regiões como a Amazônia,
o Pantanal e a Mata Atlântica – ou o que restou dela – são invejadas no mundo
todo por sua biodiversidade. Até mesmo ecossistemas como o do cerrado e o da
caatinga têm mais riqueza de fauna e flora do que se costuma pensar. A
quantidade de água doce, madeira, minérios e outros bens naturais é amplamente
citada nas escolas, nos jornais e nas conversas. O problema é que tal exaltação
ufanista ("Abençoado por Deus e bonito por natureza”) é diretamente proporcional
à desatenção e ao desconhecimento que ainda vigoram sobre essas riquezas.
Estamos
entrando numa era em que, muito mais do que nos tempos coloniais (quando
pau-brasil, ouro, borracha etc. eram levados em estado bruto para a Europa), a
exploração comercial da natureza deu um salto de intensidade e refinamento.
Essa revolução tem um nome: biotecnologia. Com ela, a Amazônia, por exemplo,
deixará em breve de ser uma enorme fonte “potencial" de alimentos,
cosméticos, remédios e outros subprodutos: ela o será de fato – e de forma
sustentável. Outro exemplo: os créditos de carbono, que terão de ser comprados
do Brasil por países que poluem mais do que podem, poderão significar forte
entrada de divisas.
Com
sua pesquisa científica carente, indefinição quanto à legislação e dificuldades
nas questões de patenteamento, o Brasil não consegue transformar essa riqueza natural
em riqueza financeira. Diversos produtos autóctones, como o cupuaçu, já foram registrados
por estrangeiros – que nos obrigarão a pagar pelo uso de um bem original daqui,
caso queiramos (e saibamos) produzir algo em escala com ele. Além disso, a biopirataria
segue crescente. Até mesmo os índios deixam que plantas e animais sejam levados
ilegalmente para o exterior, onde provavelmente serão vendidos a peso de ouro.
Resumo da questão: ou o Brasil acorda para a nova realidade econômica global, ou
continuará perdendo dinheiro como fruta no chão.
PIZA,
Daniel. O Estado de S. Paulo.
O texto defende a tese de que
(A) a Amazônia é fonte “potencial” de riquezas.
(B) as plantas e os animais são levados
ilegalmente.
(C) o Brasil desconhece o valor de seus bens
naturais.
(D) os bens naturais são citados na
escola.
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