CENTRO EDUCACIONAL DE ARTE E CULTURA PORTAL DA SERRA
GUAIÚBA-CEARÁ
DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA - PROFESSOR ANTÔNIO CARLOS SALES PAIVA
EIXO: LEITURA E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
ALUNO(A):
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UMA LENDA BOLIVIANA
Huacas
fica numa alta e extensa planície. Cinco lagos refletem a luz deslumbrante do
Sol das alturas. Um deles, o Aciro-Khocha, se estende na imensidão, a perder de
vista.
Os
mais velhos dizem que em épocas remotas não havia lagos em Huacas. Todo o
distrito era terra cultivada. Na parte mais baixa , aquela que agora o
Aciro-Khocha cobre, havia uma cidade com seu templo, sua praça, suas ruas e
seus jardins.
Um
dia chegou a comarca uma mulher pobre, que ninguém ali conhecia. Trazia ás
costas, embrulhada num pano colorido, sua filhinha de um ano idade. A criança
chorava, queixando-se, enquanto a mãe pedia esmolas de porta em porta. Os
moradores negavam-lhe ajuda, sem qualquer piedade por ela. A mulher, aflita,
olhava para o céu implorando por compaixão. Porém, foi tudo em vão. Quase
desfalecendo, continuou seu caminho, passo a passo, até se perder para sempre
na curva do áspero caminho.
As
horas da tarde transcorreram da mesma forma de sempre. A noite chegou. A lua
cheia prateava os campos e o povoado. De repente, quebrando a calma do campo,
ouviram-se gritos de superstição e de espanto.
-
A Lua! A Lua! Olhem a Lua! – repetiam as pessoas sobressaltadas.
Uma
linha sombria manchava o perfil da Lua e uma tinta negra avançou até cobri-la
completamente. As sombras esconderam os campos. Ao mesmo tempo, uma nuvem
densa, silenciosa e ameaçadora se estendeu sobre o lugar, fazendo o povoado
mergulhar numa tristeza sufocante.
Apavorados,
os moradores rezaram, se lamentaram e fizeram oferendas e promessas, mas seus
pedidos se perderam no vazio. Uma horrível tempestade desabou sobre o povoado e
os campos próximos. [...] Formou-se um lago no lugar, pequeno no inicio, mas
cada vez maior. As águas cobriram as casas, chegaram as abóbodas do templo e
ultrapassaram as torres. Os sinos, que dobravam desesperados, mergulharam no
silêncio. Vozes e gritos emudeceram, afogados pelas águas que subiam.
Hoje,
são poucos os camponeses que passam pelo caminho pedregoso que circunda o lago.
Dizem que nas serras há uma pedra que parece uma mulher inclinada numa rocha,
carregando as costas uma delicada menina. Certamente, é a imagem daquela
mendiga, que na verdade não era isso, mas uma enviada das entidades divinas
para saber com certeza se as pessoas do povoado se compadeciam dos pobres e
desamparados. Os lavradores dizem, também, que essa mulher havia pedido um
castigo para a indiferença diante da dor humana. [...]
O
viajante de hoje que se hospeda em Huacas ouve dos velhos que nas noites de
sinais estranhos ou quando a terra treme, do fundo das águas do Aciro-Knocha
emerge uma tênue luz, de cor violeta-pálida. Ela assume a forma de uma nuvem,
sobe suavemente e permanece por tempo muito curto na superfície do lago. Ela
mostra a silhueta do povoado com seu templo, suas ruas e seus jardins, enquanto
a distancia se ouve o som entrecortado dos sinos da aldeia.
Isso
é o que contam os anciões, e eu acredito.
(Contos de lugares
encantados. Adaptação de Eduardo Arze Loureiro. São Paulo, Ática/co-edição
latino americana, 1992)
ATIVIDADE AVALIATIVA
01. O texto narra a
origem lendária de um lago. Como ele se chama, onde se localiza e qual é sua
principal característica?
R: O lago chama-se
Aciro-Khocha, localiza-se na cidade de Huacas, na Bolívia, e é muito grande.
02. Descreva
resumidamente como era, em épocas remotas, o lugar atualmente ocupado pelo
lago.
R: O lugar era uma
cidade com templos, ruas, praças e jardins.
03. O texto, depois
de descrever o espaço em que aconteceu o fato, começa a narrar a história.
a) Em que parágrafo
realmente começa a narrativa? R: No terceiro parágrafo.
b) Nesse parágrafo é
introduzido o elemento-chave, isto é, o principal elemento da história. Qual é
ele? R: A mulher.
04. Na linguagem
coloquial, costuma-se empregar o adjetivo birrenta para caracterizar uma
criança teimosa, que chora e reclama sem ter motivos. Seria adequado dizer que
a criança que a mulher levava era birrenta? Justifique.
R: Sim, pois como a
mulher pedia esmola, provavelmente a criança estivesse chorando por estar
faminta, doente ou cansada.
05. Considerando a
atitude dos moradores da cidade em relação à mulher e sua filhinha, circule da
série abaixo os adjetivos que serviriam para caracterizá-los.
Caridosos,
desumanos, insensíveis, hospitaleiros, mesquinhos,
vingativos
06. Responda:
a) Como você agiria
em relação à mulher, se fosse um dos moradores do povoado?
Resposta pessoal.
b) Como reagiria em
relação a atitude dos moradores, se estivesse no lugar da mulher? Por quê?
Resposta pessoal.
O7. À noite, depois
que a mulher foi embora, começaram a surgir no céu alguns sinais que
prenunciavam, isto é, avisavam com antecedência, que algo iria acontecer.
a) Resuma como os
habitantes se comportaram em relação a esses sinais.
R: Os moradores
ficaram apavorados, começaram a rezar e a fazer oferendas e promessas.
b) O que os
moradores fizeram adiantou? Transcreva a passagem que justifique sua resposta.
R: Não. “[...] seus
pedidos se perderam no vazio. Uma horrível tempestade desabou sobre o povoado e
os campos próximos.”
c) Quais foram as
consequências da tempestade que caiu sobre a cidade?
R: A cidade foi
inundada, todos os seus habitantes morreram afogados e no local formou-se o
lago Aciro-Khocha.
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