UM
LEGADO DE AMOR E DEDICAÇÃO – UMA AMIZADE CONSTRUÍDA EM BASES SÓLIDAS
Mais
um sacerdote encerra seu ciclo Missionário na Paróquia Jesus, Maria e José.
Essa paróquia que sempre foi laboratório para sacerdotes recém ordenados e que
aqui tiveram a oportunidade de experienciar por excelência como se conduz com
maestria o rebanho de Cristo. Todos os que por aqui passaram semearam sementes
de amor, foram exímios pregadores, foram grandes mestres e tiveram suas
atividades conduzidas pela ação do Espírito Santo de Deus, com o apoio de todos
nós paroquianos, buscando sempre colaborar com o crescimento espiritual do povo
a quem conduziam.
Hoje
damos um até logo ao Padre João Batista Aires,
até logo sim, pois não podemos falar aqui em despedida, ele vai
pastorear um rebanho bem próximo de nós e quando a saudade bater daremos um
pulinho lá para sorrirmos, para trocar experiências pastorais, ou até colaborar
na condução de seus novos trabalhos pastorais. A palavra chave que é de fato
centralidade na noite de hoje é gratidão. Agradecer a Deus por ter nos dado a
oportunidade de conviver com uma pessoa extraordinária, um pastor do povo, que
nunca mediu esforços quando o assunto era resgatar vidas, conquistar de forma
extrovertida suas ovelhas desgarradas.
Quantos
momentos bons se eternizarão - a festa do Santo Cruzeiro, o pedala juventude, os
grandes retiros, a festa da Sagrada Família,
a missa com as crianças, o
movimento dos Focolares, os grupos de
reflexão do evangelho, as celebrações dos sacramentos que por sua organização
marcariam a vida de quem os recebia, o jubileu de diamante da Paróquia, o carnaval com Cristo, a festa de Pentecostes, as belas coroações, a mudança de horário da missa da manhã, a evangelização através das ondas do
rádio, a galeria constando as
fotografias dos eis padres, tudo isso são marcas indeléveis de um paroquiato
marcado pela doação e compromisso para com as coisas do alto.
Um
outro ponto ímpar de seu paroquiato diz respeito a autonomia que o senhor
sempre reservou as lideranças das comunidades, além da confiança. E a
preocupação de cada um de nós, líderes de comunidade, era não decepcioná-lo.
Agradecemos
também pelas grandes exortações – orientações que nos edificaram e nos tornaram
pessoas diferentes no ambiente familiar, no ambiente de trabalho e
principalmente em meio a comunidade a qual liderávamos. Ensinar-nos a amar o
próximo foi uma de suas grandes metas, além de nos encorajar a sermos grandes
missionários em todos os locais que frequentássemos.
E a
Casa Paroquial sempre foi nosso refugio – a casa do aquecimento, do
acolhimento. A casa das reuniões, dos desabafos pastorais, dos puxões de
orelha. Pouco usávamos os outros ambientes da paróquia para nos reunirmos, pois
para o senhor aquele espaço era por excelência o local propicio para o pastor
acolher e conduzir com coerência suas ovelhas e assim enviá-las para o meio dos
lobos ou dos mansos cordeiros.
Não
podemos esquecer de mencionar aqui a atenção dada a juventude, pois sendo um
pastor jovem sentia a necessidade de ter ao seu lado pessoas também jovens. E
os frutos já começam a ser colhidos – jovens mais conscientes do seu papel no
mundo, jovens mais espiritualizados, jovens que hoje apresentam um olhar
diferenciado sobre o que é ser jovem, sobre o que é curtir com responsabilidade
essa fase de descobertas. Quantas orientações foram dadas. E a igreja só será
jovem quando o jovem for igreja – essa foi a sua bandeira de luta.
O
seu dom para com a música também nos marcou. Cantas com entusiasmo, fazendo-nos
sentir a presença de Deus em nosso ser. Jamais esquecermos as novenas
direcionadas pelo senhor durante a Festa do Santo Cruzeiro. O Te Deum Laudamus,
os cânticos a Maria, o hino do Santo Cruzeiro e do Menino Deus, os hinos
voltados ao amor e a missionariedade se eternizarão.
Ocupando
um cargo de liderança no município, enquanto diretor de escola pública, sempre
fiz valer em nossa convivência a empatia. Sabia muito bem o que agradava e
desagradava os grandes líderes e muitas vezes sofri calado para não lhe
preocupar, para não tirar o foco de sua
atenção que era nos orientar e evangelizar o povo de Deus. Talvez esse fato
colaborou para que tivéssemos um relacionamento harmonioso, sem conflitos,
sem desagrados.
Sentirei
saudades das mensagens no watsap - Sei que vc está muito cansado da festa da
Sagrada Família, mas como está a organização da Confraternização do Conselho
Pastoral. Ei posso colocar em caixa comum o dinheiro que resta da festa do
Santo Cruzeiro? Ou ainda. Vc já providenciou as fotografias e as molduras dos
padres? Criatura tu esqueceu de organizar a Novena Missionária. Que horror.
Essas chamadas só me edificaram, pois
via o quanto eu podia colaborar com a evangelização da minha paróquia, mesmo cheio de responsabilidades e o quanto o
senhor confiava em minha pessoa.
Diante
disso aprendi muito e tenho plena convicção de minha missão em nossa paróquia.
Hoje sinto-me melhor preparado para com a ajuda dos demais leigos dar
continuidade com o novo pároco a esse grande legado que será deixado pelo
senhor. E é parafraseando Paulo que aqui encerro minhas palavras Paulo exorta a
igreja de Corintos nesta particularidade. Dizendo: “Pois, quem é Paulo, e quem
é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o SENHOR deu a
cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o
que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora,
o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o
seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e
edifício de Deus” – (I Coríntios 3:5-9). Plantastes a semente, dela cuidou
muito bem, ela deu frutos e nós os jardineiros de Deus cuidaremos para esses
frutos permaneçam firmes na missão, afinal contamos com a cooperação divina – o
Espírito Santo de Deus nos ajudará a conduzir todo o processo de evangelização em
nossa paróquia. Um abraço fraterno. Considero o senhor como meu amigo e jamais
esquecerei do apoio que me prestastes quando no meu leito de dor esteve
velando e orando por mim. São nesses momentos que conhecemos os verdadeiros
amigos.
Em
plena recuperação, recebo uma visita do senhor que me revela o estado em que eu
me encontrava e disse a impressão que teve. “Eu não sei se dava a extrema unção
ou se ensaiava o discurso da missa de corpo presente”. Mas Deus preferiu me dar
uma nova chance para colaborar com a continuidade do seu projeto de amor aqui
na terra.
É
graça divina começar bem. Graça maior é persistir na caminhada certa. Mas a
graça das graças é não desistir nunca.
Antônio Carlos Sales Paiva
Coordenador Paroquial de Pastoral
Antônio Carlos Sales Paiva
Coordenador Paroquial de Pastoral
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